segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Relações de Produção e de Consumo permeando as Interações Sociais.

A contemporaneidade tem-se caracterizado pelas relações de produção e de consumo permeando as interações sociais. Crianças, adolescentes e adultos alteram suas relações intersubjetivas a partir das influências que a mídia e a cultura do consumo exercem sobre todos nós.

O tempo em comum entre pais e filhos é cada vez mais insuficiente: as famílias trabalham cada dia mais para o acréscimo do poder aquisitivo (e, portanto do consumo), e a mulher tem um aporte crescente na fatia produtiva da população, ficando muito tempo fora de casa. Pais chegam tarde a casa, crianças atarefadas, refeições solitárias ou feitas fora do lar.

A família se encontra cada vez menos para trocar idéias sobre o cotidiano... Observamos como perfil de nossa sociedade as múltiplas formas de conjugalidade: famílias monoparentais, descasamentos, recasamentos, assim como a crescente incidência de filhos únicos. Deste modo, a cara da família atualmente diverge do modelo tradicional de família, como pode ser constatado nos depoimentos abaixo.

A infância é uma vivência que praticamente deixou de existir, uma vez que se apresenta aperta por uma adolescência muito precoce e uma juventude que se estende a até os 30 anos. Pode-se dizer que pelo menos um terço da vida recebe o rótulo de juventude.

Algumas explicações nessas transformações radicais que vêm ocorrendo no dia a dia pela circulação das informações e o acesso crescente às novas formas de tecnologia em permanente expansão.

A mídia está presente no nosso cotidiano. A criança e o adolescente de hoje não distingue o mundo de outra forma - nasceram num mundo com telefone, fax, computadores, televisão, etc. TVs ligadas o tempo todo, assistido por qualquer faixa etária, acaba por assumir um papel significativo na construção de valores culturais.

A mudança na sociedade em que vivemos afeta não somente os valores que assumimos, mas também a temporalidade e a concentração para uma determinada atividade. Há um bombardeio de informações que afeta a rotina dos adolescentes e se impõe pela rapidez com que as coisas acontecem. Um novo ritmo impera. A escola identifica essas mudanças, mas ainda parece ter dificuldades em catalisar o ritmo do tempo na escola e a ritmo do tempo vivido pelo aluno fora dela.

A violência nos grandes centros urbanos é outro aspecto ressaltado e, em decorrência disso, as famílias se enclausuram em condomínios, shoppings, etc. Crianças e adolescentes adiam a sua independência e a autonomia do jovem fica comprometida pela necessidade de se garantir a segurança física. A juventude se prolonga na idade adulta instituindo a adolescência sem fim.

A cultura do consumo molda o campo social, construindo, desde muito cedo, a experiência da criança e do adolescente que vai se solidificando em atitudes centradas no consumo.

A publicidade se vale da maneira indiscriminado da imagem da criança, do jovem ou do adulto para vender atitudes de vida e mercadorias, cunhando uma nova fórmula de estratificação social e cultural. O valor das mercadorias e dos objetos substitui o valor do homem, ele próprio transformado em mercadoria, definindo uma nova ética no campo das relações sociais.

O processo de construção da identidade na cultura de consumo apresenta-se com nuança, fluido, fragmentado e parcial. Objetos e mercadorias são empregados para balizar as relações sociais e determinam estilos de vida, posição social, além da maneira de as pessoas interagirem socialmente. Tais mecanismos culturais possuem o papel de incrementar a natureza da vivência emocional e social que levará o contexto entre os múltiplos grupos sociais.

Marcam, modelam e constróem as subjetividades contemporâneas. Se, por um lado, os adultos romperam com a rigidez da educação à qual foram submetidos, por outro, na tentativa de se adaptarem ao mundo atual, sentem-se, por vezes, inseguros quanto à forma de agir com os filhos, apresentando dificuldades em lidar com conflitos.

Outro aspecto é que a mídia apresenta um lugar de destaque na fala de pais, professores e adolescentes. Entretanto, mesmo criticando seu papel na formação de valores, é freqüente os adultos estabelecerem castigos ou punições que envolvem a proibição de assistir TV, conferindo, com essa atitude, uma supervalorização a esse veículo de entretenimento.

Em suma, mesmo adultos, jovens e crianças tenham consciência de que somos marcados pela cultura do consumo, pais e professores utilizam os bens de consumo como um meio para valorizar ou punir comportamentos desejados ou não desejados nas crianças e nos adolescentes. Essa atitude acaba por reforçar aqueles mesmos comportamentos criticados por eles. Desse modo, a manipulação veiculada pela mídia e pela cultura do consumo é sustentada nas relações intersubjetivas no âmbito da família.

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