quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Brincadeira de mau gosto

O Bullying significa atos de violência física ou psicológica, sem motivação aparente e contra alguém em desvantagem de poder, traz consequências desastrosas para vítimas, agressores e testemunhas e se transforma em tema de políticas públicas em todo o mundo.
http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/58/artigo187584-1.asp


É possível enquadrar como Bullying desde agressões (verbais e físicas), assédios até outras ações desrespeitosas realizadas de maneira recorrente e intencional por parte dos agressores, seja por uma questão circunstancial ou por uma desigualdade subjetiva de poder. Já é apontado pelos especialistas em violência como uma das formas de abuso que mais cresce no mundo, uma vez que pode acontecer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho. "O Bullying é um fenômeno complexo e de difícil identificação.


Por isso, é importante que os diversos profissionais tenham pleno entendimento de sua existência e seu funcionamento para que não haja equívocos nos encaminhamentos, atendimentos e procedimentos aos envolvidos.
 Bullying como a forma mais frequente de abuso psicológico praticado em diversos ambientes como escolas, locais de trabalho e até dentro da própria família, entre irmãos, por exemplo.

Perfil dos envolvidos


Cada caso deve ser considerado isoladamente e rotular os envolvidos pode significar a simplificação de uma questão que deve ser avaliada com cautela e carinho. No entanto, os especialistas apontam algumas características padrão no perfil dos agentes participantes dos casos de Bullying.

Os autores, frequentemente, são indivíduos que pertencem a famílias desestruturadas, com pouco relacionamento afetivo e cujos pais exercem uma supervisão pobre sobre eles, oferecendo o comportamento agressivo ou explosivo como modelo na solução de conflitos - o que, em tese, aumenta a probabilidade desses jovens de se tornarem adultos com comportamentos antissociais e/ou violentos.

Os alvos, por sua vez, não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. Geralmente têm poucos amigos, são passivos, quietos e não se opõem, efetivamente, aos atos de agressividade sofridos.

Já as testemunhas, representadas pela grande maioria dos alunos, convivem com a violência e se calam em razão do temor de se tornarem as "próximas vítimas". "Embora muito debatido, o Bullying ainda não é totalmente compreendido pelos pais e professores que chegam a pensar que algumas agressões são brincadeiras 'típicas da idade", necessárias para o amadurecimento dos filhos e dos alunos", afirma o pediatra, especialista sobre o assunto e editor do site Observatório da Infância, Lauro Monteiro Filho. "No entanto, o Bullying na escola é muito mais comum do que pensam professores e pais. É preciso alertálos sobre os riscos de um ambiente em que a prática é frequente."


Identificar os alunos que são vítimas, agressores ou testemunhas é de extrema importância para que as escolas e as famílias dos envolvidos possam elaborar estratégias e traçar ações efetivas contra o fenômeno. De acordo com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro Mente perigosa nas escolas: Bullying (Fontanar), ao contrário do que se pode imaginar, o impacto desta prática é negativa não apenas para quem é vítima. Agressores e testemunhas também sofrem. "Cada personagem da trama apresenta um comportamento típico, tanto na escola como em seus lares", informa. E destaca as principais mudanças de atitude:

No ambiente escolar, as vítimas ficam isoladas do grupo ou próximo de adultos que podem protegê-la. Na sala de aula, a sua postura é retraída e geralmente têm dificuldades de se expor e fazer perguntas, por exemplo. Apresentam faltas frequentes, mostram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas. Nos jogos ou atividades em grupos, sempre são as últimas a serem escolhidas e, aos poucos, vão se desinteressando das tarefas escolares. Em casa, queixam-se de dores de cabeça, enjoo, dor de estômago, tonturas, vômitos, perda de apetite, insônia. "Os sintomas tendem a ser mais intensos no período que antecede o horário de entrarem na escola", diz a médica. "Além disso, o estresse vivenciado pelas vítimas de Bullying ocasiona baixa imunidade fisiológica, debilitando o organismo como um todo."


Os agressores, segundo a psiquiatra, estão sempre se envolvendo, de forma direta ou velada, em desentendimentos e discussões entre alunos, ou entre alunos e professores. Apresentam, habitualmente, atitudes hostis, desafiadoras e agressivas, inclusive no ambiente doméstico. As testemunhas, por sua vez, costumam não apresentar sinais explícitos que denunciem a situação que estão vivendo. Tendem a se manter calados sobre o que sabem ou presenciam. Flavia (nome fictício), 36 anos, é um caso típico de como o Bullying pode prejudicar uma pessoa, mesmo anos depois de ter acontecido. Por ter uma irmã excepcional, desde muito cedo teve de lidar com o preconceito. "Nunca fui destratada diretamente, mas ouvia comentários sobre a minha irmã, frequentemente pelas costas", recorda. "Evidentemente, apesar da minha indignação e revolta, eu não sabia como reagir àquilo e permanecia calada."



http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/58/artigo187584-1.asp

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.