TECNOLOGIA SOCIAL 1- TA 2-TS

1- TECNOLOGIA ASSISTIVA (TA)
“Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis”. (RADABAUGH, 1993)

A sociedade mais sensível à diversidade questiona os mecanismos de segregação e conjetura percursos alternativos de inclusão social da pessoa com deficiência, emergindo, assim, diferentes paradigmas.

O momento ascendente das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) assinala para diversas configurações de relacionamento com o conhecimento e sua construção, igualmente para novas concepções e possibilidades pedagógicas.

Tecnologia Assistiva (TA) é um termo novo, que aludi um conceito ainda em processo de construção e sistematização, entretanto a utilização de recursos da TA é bastante antiga, já que a utilização de galho de árvore, por exemplo, como forma de improvisar uma bengala é caracterizado como tal.

Como escreve Manzini (2005):

“Os recursos de tecnologia assistiva estão muito próximos do nosso dia-a-dia. Ora eles nos causam impacto devido à tecnologia que apresentam, ora passam quase despercebidos. Para exemplificar, podemos chamar de tecnologia assistiva uma bengala, utilizada por nossos avós para proporcionar conforto e segurança no momento de caminhar, bem como um aparelho de amplificação utilizado por uma pessoa com surdez moderada ou mesmo veículo adaptado para uma pessoa com deficiência”. (1)

Entretanto a expressão TA, aparece pela primeira vez em 1988:

“O termo Assistive Technology, traduzido no Brasil como Tecnologia Assistiva, foi criado oficialmente em 1988 como importante elemento jurídico dentro da legislação norte-americana, conhecida como Public Law 100-407, que compõe, com outras leis, o ADA - American with Disabilities Act. Este conjunto de leis regula os direitos dos cidadãos com deficiência nos EUA, além de prover a base legal dos fundos públicos para compra dos recursos que estes necessitam. Houve a necessidade de regulamentação legal deste tipo de tecnologia, a TA, e, a partir desta definição e do suporte legal, a população norteamericana, de pessoas com deficiência, passa a ter garantido pelo seu governo o benefício de serviços especializados e o acesso a todo o arsenal de recursos que necessitam e que venham favorecer uma vida mais independente, produtiva e incluída no contexto social geral”. (2)

O processo de apropriação e sistematização do conceito e classificação de TA, é incipiente e recente, no Brasil. A expressão “Tecnologia Assistiva” é utilizada ao lado de termos “Ajudas Técnicas” e “Tecnologia de Apoio”, muitas vezes como sinônimos, ou marcando diferenças na acepção de cada uma delas.

Na legislação brasileira utiliza-se a expressão “Ajudas Técnicas” no decreto 3298 de 1999 e no Decreto de 5296 de 2004, que regulamenta as leis n.10.048 de 08 de novembro de 2000 e 10.098 de 19 de dezembro de 2000. (3)

O Decreto 3298/1999 determina como Ajudas Técnicas, no seu artigo 19:

“Os elementos que permitem compensar uma ou mais limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficiência, com o objetivo de superar as barreiras de comunicação e da mobilidade e de possibilitar sua plena inclusão social”. (4)

E o Decreto 5296/2004 utiliza a definição, em seu artigo 61:

“Para fim deste Decreto, consideram-se ajudas técnicas os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida”. (5)

Encontra-se ausente, nas definições propostas pela legislação brasileira, a idéia de Serviços de Ajudas Técnicas, de metodologias e práticas, além das ferramentas e dispositivos, o que é uma restrição do conceito.

O Decreto 5296 dispõe sobre Desenho Universal, um conceito importante para a construção de uma sociedade mais inclusiva, ao relacionar à Acessibilidade e à TA. Desenho Universal é considerado como uma:
“(...) concepção de espaços, artefatos e produtos que visam acolher ao mesmo tempo todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade”. (5)

O Decreto 5296 dispõe Acessibilidade como:

“(...) as condições para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.” (5)

Com base a “Carta do Rio”, relizada na Conferência Internacional sobre Desenho Universal “Projetando para o Século XXI”, em dezembro de 2004:

“O propósito do desenho Universal é atender às necessidades e viabilizar a participação social e o acesso aos bens e serviços a maior gama possível de usuários, contribuindo para a inclusão das pessoas que estão impedidas de interagir na sociedade e para o seu desenvolvimento. Exemplos desses grupos excluídos são: as pessoas pobres, as pessoas marginalizadas por uma condição cultural, social, ética, pessoas com diferentes tipos de deficiência, pessoas muito obesas e mulheres grávidas, pessoas muito altas ou muito baixas, inclusive crianças, e outros, que por diferentes razões são também excluídas da participação social.” (6)

O conceito de Desenho Universal é importante para a discussão sobre Tecnologia Assistiva, porque trás a idéia de que todas as realidades, ambientes, recursos, na sociedade, precisam ser concebidos, projetados, visando à participação, uso e acesso de todos. Esse entendimento, transcende a idéia de projetos específicos, adaptações e espaços segregados, que respondam exclusivamente a determinadas necessidades.

Assim, com a aplicação do conceito de Desenho Universal, se faz a passagem de uma realidade de segregação, de tutela, de paternalismo, para uma realidade de cidadania, de equiparação de oportunidades e de sociedade inclusiva.

O conceito de TA diferencia-se de toda a tecnologia médica ou de reabilitação, por aludir a recursos ou procedimentos pessoais, que acolhem a necessidades diretas do usuário final, mirando sua independência e autonomia. Já os recursos médicos ou de reabilitação apontam o diagnóstico ou tratamento na área da saúde, sendo, portanto, recursos de trabalho de profissionais dessa área. Os objetivos da TA, portanto, visam normalmente para recursos que geram autonomia pessoal e vida independente do usuário. Como faz notar Lauand (2005):

“(...) No sentido amplo, o objeto da tecnologia assistiva é uma ampla variedade de recursos destinados a dar suporte (mecânico, elétrico, eletrônico, computadorizado, etc.) à pessoas com deficiência física, visual, auditiva, mental ou múltipla. Esses suportes podem ser, por exemplo, uma cadeira de rodas [...], uma prótese, uma órtese, e uma série infindável de adaptações, aparelhos e equipamentos nas mais diversas áreas de necessidade pessoal (comunicação, alimentação, transporte, educação, lazer, esporte, trabalho, elementos arquitetônicos e outras)”. (7)

Como salienta Bersch (2006), “a aplicação da Tecnologia Assistiva na educação vai além de simplesmente auxiliar o aluno a ‘fazer’ tarefas pretendidas. Nela, encontramos meios de o aluno ‘ser’ e atuar de forma construtiva no seu processo de desenvolvimento”. (8)

E ainda Mantoan (2005):

“O desenvolvimento de projetos e estudos que resultam em aplicações de natureza reabilitacional tratam de incapacidades específicas. Servem para compensar dificuldades de adaptação, cobrindo déficits de visão, audição, mobilidade, compreensão. Assim sendo, tais aplicações, na maioria das vezes, conseguem reduzir as incapacidades, atenuar os déficits: Fazem falar, andar, ouvir, ver, aprender. Mas tudo isto só não basta. O que é o falar sem o ensejo e o desejo de nos comunicarmos uns com os outros? O que é o andar se não podemos traçar nossos próprios caminhos, para buscar o que desejamos, para explorar o mundo que nos cerca? O que é o aprender sem uma visão crítica, sem viver a aventura fantástica da construção do conhecimento? E criar, aplicar o que sabemos, sem as amarras dos treinos e dos condicionamentos? Daí a necessidade de um encontro da tecnologia com a educação, entre duas áreas que se propõem a integrar
seus propósitos e conhecimentos, buscando complementos uma na outra”.(9)

A importância do encontro da tecnologia com a educação já é de suma relevância no que se refere a qualquer tipo de aluno, tornasse muito mais preponderante em relação aos alunos com diferentes deficiências.

Bibliografia:

1- MANZINI, E. J., 2005.Tecnologia assistiva para educação: recursos pedagógicos adaptados. In: Ensaios pedagógicos: construindo escolas inclusivas. Brasília: SEESP/MEC, p. 82-86.

2- BERSCH, R., 2005. Introdução à Tecnologia Assistiva. Disponível em http://www.cedionline.com.br/artigo_ta.html Acesso em 23 ago. 2010.

3- GLVÃO FILHO, T.A., 2009. A Tecnologia assistiva: de que se trata? Disponível em http://www.galvaofilho.net/assistiva.pdf . Acesso em 23 ago. 2010.

4- DATAPREV. Legislação. Decreto 3298 de 22/12/1999. Disponível em http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/1999/3298.htm Acesso em 23 ago. 2010.

5- BRASIL, 2004. Decreto 5296 de 02 de dezembro de 2004. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm Acesso em 23 ago. 2010.

6- CARTA DO RIO, 2004. Desenho Universal para um Desenvolvimento Inclusivo e Sustentável. Disponível em http://agenda.saci.org.br/index2.php?modulo=akemi¶metro=14482&s=noticias Acesso em 23 ago. 2010.

7- LAUAND, G. B. A. 2005. Fontes de informação sobre tecnologia assistiva para favorecer à inclusão escolar de alunos com deficiências físicas e múltiplas. Tese (Doutorado em Educação Especial) Programa de Pós-graduação em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos. São Carlos,

8- BERSCH, R. 2006. Tecnologia assistiva e educação inclusiva. In: Ensaios Pedagógicos, Brasília: SEESP/MEC, p. 89-94,

9- MANTOAN, M. T. E. , 2005. A tecnologia aplicada à educação na perspectiva inclusiva. mimeo.

OUTRO TEXTO DA PÁGINA

2- TECNOLOGIA SOCIAL

http://www.itsbrasil.org.br/sites/default/files/Digite_o_texto/Para_entender_a_tecnologia_social_uma_viagem_pelo_Brasil.pdf

“são aplicações do conhecimento para solucionar problemas da população e promover os direitos humanos”.


Um exemplo que pose ser citado é o da seca que ocorre em algumas áreas do Nordeste. A falta de chuva provoca as pessoas a pensar em uma forma de ter água onde normalmente não tem. Assim, desenvolvem e aplicam seu conhecimento para produzir algo que resolva este problema na prática.

No Brasil, a tecnologia social é decorrência direta dos movimentos que durante as décadas de 1970 e 80 lutaram muito para reivindicar direitos da população – como escola, moradia, saneamento básico, saúde. Eram anos de ditadura e precisava de muita mobilização para fazer valer os nossos direitos.

Os movimentos sociais, ONGs, universidades, sindicatos e mesmo empresas e governos sentiram necessidade de dar uma nova qualidade às suas ações. Em vez de confiar apenas na força da mobilização, investiram no conhecimento e na construção de soluções inovadoras para os problemas enfrentados pela população

Tecnologia social promove Direitos Humanos

Desde 1948, o Brasil é signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que assegura direitos a todo ser humano no mundo inteiro.

Tecnologias sociais que elas são um instrumento nessa luta. Uma lista com alguns direitos humanos:

- Direito à vida, à alimentação e à saúde

- Direito de ir e vir

- Direito à moradia

- Direito ao trabalho

- Direito à educação e ao conhecimento

- Direito à cultura e à identidade

- Direito a participar do patrimônio científico, tecnológico e cultural

Tipos de tecnologia social

• Novos produtos, dispositivos ou equipamentos

• Novos processos, procedimentos, técnicas ou metodologias

• Novos serviços

• Inovações sociais organizacionais e de gestão

É o conjunto de técnicas e metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com população e apropriadas por ela, que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida.

Tecnologia social é um processo participativo e democrático

Tecnologia social, conhecimento que inclui

Tecnologia social e empreendedorismo solidário

Tecnologia social promove a acessibilidade

As quatro dimensões da tecnologia social

1ª dimensão: Conhecimento, ciência, tecnologia

1º – A TS tem como ponto de partida os problemas sociais

2º – A TS é feita com organização e sistematização

3º – A TS introduz ou gera inovação nas comunidades

2ª dimensão: Participação, cidadania e democracia

4º – A TS promove a democracia e cidadania

5º – A TS se vale de metodologias participativas

6º – A TS busca a inclusão e a acessibilidade, para atingir o máximo de pessoas

3ª dimensão: Educação

7º – A TS realiza um processo que é pedagógico por inteiro

8º – A TS se desenvolve num diálogo entre saberes populares e científicos

9º – A TS é apropriada pelas comunidades, que ganham autonomia

4ª dimensão: Relevância social

10º – A TS é eficaz na solução de problemas sociais

11º – A TS tem sustentabilidade ambiental

12º – A TS provoca a transformação social

Sobre os projetos de tecnologia social:

http://www.projetoabelhasnativas.org/
http://www.osasco.sp.gov.br/
http://www.graosdeluzegrio.org.br/
http://www.itsbrasil.org.br/
http://www.asabrasil.org.br/