terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Oralismo, Comunicação Total, Bilinguismo, Atendimento Educacional Especializada

Pessoas com surdez encaram diversos entraves para participar da educação escolar, devido a perda da audição e a forma como se estruturam as propostas educacionais das escolas.


Diversas questões têm se cultivadas em torno da educação escolar para pessoas com surdez. É um desafio, a proposta de educação escolar inclusiva que para ser realizada é forçoso ponderar que os alunos com surdez têm direito de acesso ao conhecimento, à acessibilidade, assim como ao Atendimento Educacional Especializado.

As disposições de educação escolar para pessoas com surdez centram-se ora na inserção desses alunos na escola comum e/ou em suas classes especiais, ora na escola especial de surdos. Há três vertentes educacionais: a oralista, a comunicação total e a abordagem por meio do bilingüismo.

As escolas tradicionais ou especiais, reguladas no oralismo, apontam para a capacitação da pessoa com surdez para que dominem a língua da comunidade ouvinte na modalidade oral, como exclusiva possibilidade lingüística, de maneira que seja presumível o uso da voz e da leitura labial, igualmente na vida social e na escola.

[...] O oralismo é uma abordagem que visa à integração da criança surda na comunidade ouvinte, enfatizando a língua oral dos pais (Goldfeld, 1997).

De acordo com Sá (1999), o oralismo, não consegue atingir resultados satisfatórios por ocasionar déficits cognitivos, corroborando a manutenção do fracasso escolar, provocando dificuldades no relacionamento familiar, não acolhe o uso da Língua de Sinais, discrimina a cultura surda e nega a diferença entre surdos e ouvintes.

A comunicação total leva em consideração as características da pessoa com surdez utilizando todo e qualquer recurso possível para a comunicação, a fim de potencializar as interações sociais, considerando as áreas cognitivas, lingüísticas e afetivas dos alunos.

Caracterizam a comunicação total a linguagem gestual visual, os textos orais, os textos escritos e as interações sociais parecem não viabilizar um desenvolvimento satisfatório esses alunos que continuam segregados, permanecendo agrupados pela deficiência, marginalizados, excluídos do contexto maior da sociedade. Para Sá (1999), a comunicação total não oferece o real valor a Língua de Sinais, assim, pode-se dizer que é outra face do oralismo.

Os dois pontos, oralista e comunicação total, negam a língua natural das pessoas com surdez e acarretam perdas importantes nos aspectos cognitivos, sócioafetivos, lingüísticos, político culturais e na aprendizagem desses alunos.

A proposta educacional por meio do bilingüismo propõe capacitar a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social, quais sejam: a Língua de Sinais e a língua da comunidade ouvinte. As experiências escolares, de acordo com essa abordagem, no Brasil, são muito recentes e as propostas pedagógicas nessa linha ainda não estão sistematizadas.

O uso de uma língua não é o bastasse para aprender, se não pessoas ouvintes não teriam dificuldades no aproveitamento escolar, uma vez que entram na escola com uma língua oral desenvolvida aquisição da Língua de Sinais, de fato, não é garantia de uma aprendizagem significativa. Como apontou Poker (2001), quando trabalhou com seis alunos com surdez profunda que se estavam matriculados na primeira etapa do Ensino Fundamental, com idade entre 8 anos e 9 meses e 11 anos e 9 meses, investigando, por meio de intervenções educacionais, as trocas simbólicas e o desenvolvimento cognitivo desses alunos.

A escola especial é segregadora, uma vez que os alunos isolam-se cada vez mais, ao serem excluídos do convívio natural dos ouvintes. Há entraves nas relações sociais, afetivas e de comunicação, fortalecendo cada vez mais os preconceitos.

A Língua Portuguesa é difícil de ser assimilada pelo aluno com surdez. A Língua de Sinais é, certamente, o principal meio de comunicação entre as pessoas com surdez.

As práticas pedagógicas constituem o maior problema na escolarização das pessoas com surdez. Vale repensar as práticas para que os alunos com surdez, não acreditem que suas dificuldades para o domínio da leitura e da escrita são advindas dos limites que a surdez lhes impõe, mas principalmente pelas metodologias adotadas para ensiná-los.

O trabalho pedagógico com os alunos com surdez nas escolas comuns, deve ser desenvolvido em um ambiente bilíngüe, ou seja, em um espaço em que se utilize a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa.

O aluno com surdez precisa aprender a incorporar no seu texto as regras gramaticais da escrita na Língua Portuguesa.

No Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa, o canal de comunicação específico é a Língua Portuguesa, ou seja, leitura e escrita de palavras, frases e textos, o uso de imagens e até mesmo o teatro, para a representação de conceitos muito abstratos. Vários recursos visuais são usados para aquisição da Língua Portuguesa.

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