sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Imagens do Lixo

O cineasta Eduardo Coutinho fez o documentário “Boca de

Lixo” (1992) em um aterro sanitário do Rio de Janeiro. Da

montanha de dejetos, em que se misturavam lixo orgânico,

hospitalar e materiais recicláveis, pessoas tiravam o seu

sustento e a sua alimentação, disputando espaço com

urubus e outros animais que viviam por ali.

Em 2004, José Padilha e Marcos Prado exploraram a

mesma temática em “Estamira”.

Estamira é uma mulher de 63 anos que sofre de

distúrbios mentais. Ela vive e trabalha há 20 anos no

Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, um local que

recebe diariamente mais de 8 mil toneladas de lixo da

cidade do Rio de Janeiro. Com um discurso filosófico e

poético, Estamira analisa questões de interesse global.


Já em 2011, o filme que chega aos cinemas para mais uma

sessão de denúncia do gênero é “Lixo Extraordinário”,

documentário da britânica Lucy Walker em parceria com os

brasileiros Karen Harley e João Jardim, sobre o envolvimento

do artista plástico Vik Muniz com os catadores do Jardim

Gramacho, maior aterro sanitário do mundo, que recebe cerca

de 70% de todo o lixo produzido no Rio de Janeiro.




É um filme absolutamente essencial para discutir questões já antigas na representação problemática das classes no Brasil, pelo cinema. Há ainda o bônus de Lixo Extraordinário ser um híbrido de olhar brasileiro com o olhar estrangeiro, ganhando esse último numa quebra de braços entre a displicência e a simples cegueira.

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