O cineasta Eduardo Coutinho fez o documentário “Boca de
Lixo” (1992) em um aterro sanitário do Rio de Janeiro. Da
montanha de dejetos, em que se misturavam lixo orgânico,
hospitalar e materiais recicláveis, pessoas tiravam o seu
sustento e a sua alimentação, disputando espaço com
urubus e outros animais que viviam por ali.
Em 2004, José Padilha e Marcos Prado exploraram a
mesma temática em “Estamira”.
Estamira é uma mulher de 63 anos que sofre de
distúrbios mentais. Ela vive e trabalha há 20 anos no
Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, um local que
recebe diariamente mais de 8 mil toneladas de lixo da
cidade do Rio de Janeiro. Com um discurso filosófico e
poético, Estamira analisa questões de interesse global.
Já em 2011, o filme que chega aos cinemas para mais uma
sessão de denúncia do gênero é “Lixo Extraordinário”,
documentário da britânica Lucy Walker em parceria com os
brasileiros Karen Harley e João Jardim, sobre o envolvimento
do artista plástico Vik Muniz com os catadores do Jardim
Gramacho, maior aterro sanitário do mundo, que recebe cerca
de 70% de todo o lixo produzido no Rio de Janeiro.
É um filme absolutamente essencial para discutir questões já antigas na representação problemática das classes no Brasil, pelo cinema. Há ainda o bônus de Lixo Extraordinário ser um híbrido de olhar brasileiro com o olhar estrangeiro, ganhando esse último numa quebra de braços entre a displicência e a simples cegueira.
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