sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Cada Comunidade Gestora de seu Próprio Desenvolvimento

Atualmente as empresas para se adaptarem ao ambiente exigente e dinâmico têm que se comprometer com critérios éticos de desenvolvimento sustentável e responsabilidade social, a fim de fomentar riqueza compatível com o bem comum da sociedade.

Falar de responsabilidade social da empresa exige promover ações a favor da sua continuidade histórica e de melhorias da qualidade de vida em seu entorno social.



As organizações nasceram com a finalidade de facilitar que uma parcela enorme das pessoas da sociedade consigam adquirir os bens materiais e os da cultura que não teriam possibilidade de obter por ação puramente pessoal. Como o ser humano é um ser social por natureza e o seu aperfeiçoamento passa pela convivência e pela prática pessoal e coletiva das virtudes da justiça e da solidariedade, é necessário solidificar as organizações na sua função de promotoras da coesão social através dos princípios e valores éticos. Nada mais razoável que as organizações, como pequenas células do tecido social, sejam a matriz ou suporte de uma ação promotora/integradora dos fatores de desenvolvimento social eticamente responsável.

O princípio de subsidiaridade Aplicado ao campo social, significa que qualquer ação deve ser desenvolvida no nível mais próximo possível ao indivíduo - na rua, no bairro, no município e assim por diante, ou seja, os indivíduos ou grupos só recorrendo às instâncias seguintes quando não houver condições de lidar adequadamente com o problema em sua esfera de atuação. Desta forma, cada comunidade tende a se tornar agente gestora de seu próprio desenvolvimento, reduzindo interferências burocráticas e custos para a sociedade. É a comunidade fazendo pela comunidade, numa relação onde ganham todos: organizações sociais, pessoas, governo, empresas e a comunidade como um todo, pela visão da responsabilidade social.

Assim, decorre a necessidade de desenvolver as pessoas e instituições intermediárias, situadas entre indivíduo e o Estado, de modo que exerçam ao máximo a sua responsabilidade no seu próprio nível. Exige-se um desenvolvimento das virtudes humanas que possibilitam o empowerment social de forma a sanar as deficiências com mais rapidez, desde a perspectiva de que as pessoas ou instituições mais próximas dos problemas os resolvem melhor, ou pelo menos estarão mais envolvidas na sua solução. Este princípio exige um trabalho educativo permanente, o que se aplica totalmente à responsabilidade social.

A UNESCO indica como diretrizes educativas em âmbito mundial os seguintes pilares: a) aprender a aprender; b) aprender a fazer; c) aprender a conviver, e d) aprender a ser.
Há necessidade de estimular uma educação que enfatize o:

a) aprender a aprender: onde os conteúdos não podem ser mais estanques dentro da grade curricular, pois muitos dos conhecimentos evoluem ou se tornam obsoletos muito rapidamente. Há por isso a necessidade de se desenvolver a competência de meta-aprendizagem com iniciativa e criatividade para atuar em um mundo em mudança;

b) aprender a fazer: aspectos ligados à aprendizagem por meio da prática, pois o processo educativo em geral tem priorizado processos cognitivos;

c) e d) aprender a conviver e a ser: fatores de ordem ético/moral que passaram a ser necessários numa sociedade complexa e multicultural, onde os resultados empresariais, sociais e políticos são obtidos por meio de uma alta interação entre os diversos implicados nos problemas. Os assuntos não se resolvem adequadamente dentro de gabinetes, mas é preciso um trabalho de conscientização, gestão participativa, conexão de conhecimentos diversos e pulverizados levando necessariamente ao trabalho solidário e participativo. A participação, dependendo das pessoas, situações e momentos, terá que ser a apropriada, a prudencialmente pensada e valorada. Daí a necessidade da educação para a convivência como fator preponderante na solução dos problemas da comunidade onde se aprende a trabalhar para o bem comum. A exacerbação da busca do “ter”, como efeito da sociedade de hábitos consumistas, estimula a alta velocidade de descarte de produtos de consumo, daí a contumácia na priorização educativa em todos os níveis sociais do desenvolvimento dos valores morais.
O desenvolvimento social, passando cada vez mais pela necessidade de rapidez de ajustamento às necessidades mutáveis do ambiente, e sendo necessária a solução de problemas mais complexos, exige uma forte e orgânica ação educacional para que o processo de inovação não estimule ainda mais o crescimento de uma “sociedade sem alma” onde os resultados econômicos/financeiros prevaleçam sem mais sobre os bens da cultura e do espírito.
Para que de fato se consiga desenvolvimento de acordo com a perspectiva da responsabilidade social, não se deve perder de vista a dimensão da dignidade da pessoa humana no processo de geração de riquezas. O binômio técnica e ética deve influenciar os critérios de decisão para a priorização de necessidades e para o desenvolvimento dos produtos e processos. A fim de alcançar este ideal, um razoável caminho, é o de assimilar e aplicar os conceitos de Ética das Virtudes, de Responsabilidade Social e de Desenvolvimento Sustentável.

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