terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O MÁGICO - Título original (L'Illusionniste)

Sinopse


Um senhor trabalha como mágico, mas vê o público diminuir cada vez mais devido à preferência por atrações mais jovens e populares. Como consequência, ele tem menos oportunidades de trabalho e precisa viajar para se manter. Numa destas viagens, rumo à Escócia, ele conhece uma garota, a quem presenteia com um par de sapatos. Ao ir embora ela decide ir com ele. Ao mesmo tempo em que deseja ajudá-la, ele precisa encontrar meios para sustentar ambos.

“L’Illusionniste” é, antes de mais nada, uma obra que pretende homenagear o falecido realizador/ator francês Jacques Tati.  L’illusionniste (traduzido para o português como “O Mágico”) é o casamento de dois grandes nomes do cinema francês, ambos contam boas histórias sem usar muitos diálogos, mas contadas em sentimento, música e som. O cineasta Jaques Tati (“Meu Tio”, de 1958) fez alguns filmes em que ele mesmo atuava praticamente sem falas, mas deixou para trás um roteiro nunca filmado. Para a nossa sorte, o animador Sylvain Chomet o adaptou e criou uma obra espetacular.


Estamos em meados do século XX. Um ilusionista francês é a personagem principal, ele perdeu o lugar nos palcos, está em decadência, sua fase de glória está sendo roubada por estrelas emergentes do rock. Forçado a aceitar tarefas cada vez mais obscuras, como se apresentar em bares falidos e festas no jardim, é o fim de uma época e ele diante da invasão de conjuntos de rock, aceita ir trabalhar fora, indo parar no interior da Escócia, onde é muito bem recebido.


Nessa viagem ele conhece uma jovem que, fascinada pelo mágico, o segue secretamente e ele acaba por ter de tomar conta dela. Alice deixa-se seduzir pela magia do “país das maravilhas” que o sr. Tatischeff parece convocar por milagre, acompanha-o a Edimburgo, onde desabrocha para a vida ao mesmo tempo que o ilusionista compreende que a magia que ele cria já não tem mais lugar no mundo moderno.
A história enganosamente simples (que tem algumas semelhanças dispersas com Chaplin) é ancorada na nostalgia de tradições passadas. E ainda o tema de artesãos dedicados – um palhaço, um ventríloquo, um mágico – tornados obsoletos pela evolução dos gostos (para não mencionar a idade abrindo caminho para a juventude).

Só que a magia não existe e como o ilusionista é demasiado cavalheiro para dizer isso, tem de se desdobrar em esforços e empregos diurnos e noturnos como ilusionista/mecânico/manequim/pintor para a manter alimentada e sonhadora. Enquanto isso, ela vive o seu sonho tornado realidade e deambula pela cidade vibrante.


Nunca é demais avisar que, assim como “As Bicicletas de Belleville”, não se trata de uma peça para o público infantil. Os adultos é que devem prestigiar, rir e se emocionar com esse filme.

O visual de “Belleville” permanece, porem mais contido, talvez para não sufocar a forma suave de Tati conduzir uma história. O próprio protagonista é uma homenagem ao gênio francês: os dois compartilham o mesmo nome e a mesma aparência.

A história lembra um pouco Luzes da Ribalta de Chaplin, outro artista veterano e decadente que ajuda uma moça que deseja ser bailarina. Mesmo sabendo que o amor deles só pode durar pouco tempo. Por isso este Magico não é para crianças, é uma animação para um público mais de arte, mais sensível à histórias delicadas e românticas.
 
O filme dá uma visão ambígua do relacionamento do casal e certamente é a história de um amor perdido. “O Mágico” lida com o amadurecimento e a perda da inocência, de forma dolorida e realista. É justo classificá-lo como um filme belíssimo. E também extremamente complexo.
 
A trilha musical é mais um ingrediente que está em total compasso com a receita de “O Mágico”. Com poucas notas, emociona. Com ternura, encanta.

Uma última dica: fique até o final dos créditos. Há uma micro-cena depois das “letrinhas”.

Referência:
http://spoilermovies.com/2011/01/14/l%e2%80%9dillusionniste/

http://pt-br.paperblog.com/l-illusionniste-por-nuno-reis-46462/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.