quarta-feira, 4 de agosto de 2010

JOGO DE CENA

Eu estava lendo o blog do Jean-Claude Bernadet e resolvi compartilhar: o site está aí para conferir - http://jcbernardet.blog.uol.com.br/

Sinópse do filme "Jogo de Cena":
Atendendo a um anúncio de jornal, 83 mulheres contaram sua história de vida em um estúdio. 23 delas foram selecionadas, em junho de 2006, sendo filmadas no Teatro Glauce Rocha. Em setembro do mesmo ano várias atrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas por estas mulheres.http://www.adorocinema.com/filmes/jogo-de-cena/

O jogo de cena é que nos interessa. O documentário nos apresenta coisas, aparentemente normais, parecem fora de lugar: mulheres comuns parecem assumir o lugar das atrizes, entrando num palco para interpretar algumas histórias, que podem pertencer ou não a elas.
A partir daí seguimos os relatos sendo contados e entrecortados por mais de uma, às vezes mais de duas vozes, que se complementam completando a história. Disso surge a pluralidade de interpretações de um mesmo texto, que ainda que seja o mesmo, não se repete, apesar de resguardar os sentimentos do discurso original.
O interessante em "Jogo de Cena" é que a brincadeira é com o ato de interpretar. Interpretar os outros ou interpretar a si próprio, são apenas níveis diferentes de uma mesma ação.
Três atrizes 'profissionais' passam pela experiência: Andréa Beltrão revela, ao interpretar, algumas escolhas pessoais e se emociona por não crer no mesmo que sua personagem, deixando claro que em geral é difícil não se deixar envolver; Fernanda Torres faz uma pequena reflexão sobre como "sentiu" a personagem, finalizando por contar uma interessante história que não se pode dizer se ocorreu com ela ou com outra pessoa, ou sequer se realmente ocorreu; já Marília Pêra que de início pareceu tímida, interpretando aquela mulher que dizia chorar sempre que assiste ao filme Procurando Nemo, é a mais impessoal das atrizes, se limitando a interpretar e até cantar como a personagem. Marília leva ao palco do filme uma curiosidade: o tal cristal japonês usado para fazer brotarem lágrimas.
Mesmo com a repetição dos relatos, que é intencional, é impossível não se emocionar com a mesma história.
Sobre a exposição de Sophie Calle, aqui no Brasil, mexeu muito com público. Aproveito para citar a interatividade do Museu de Arte Moderna da Bahia, que incentivou o público a postar uma foto, um vídeo, um texto que representasse o que a pessoa tinha sentido ao visitar a exposição de Calle "Cuide de você" (http://www.sophiecalle.com.br/).
Bom, a exposição já passou vale conferir o site. Já o filme é assistir...
E refletir que por mais que o relato seja anterior à vivência, o humano que o realizará o reconfigurará em outros gestos, pelo simples fato de ser humano.

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