quarta-feira, 4 de maio de 2011

AUTISMO E FANTASIA

O autismo é mais uma dessas patologias que tem uma representação como "um mundo à parte", um refúgio imaginário seguro. Visto de perto, na clínica, ele não é nada disso e até o contrário: trata-se de um sujeito que vive a incapacidade de fantasiar, é alguém preso à materialidade da realidade.

O autista vive sem fantasia, o fato de que manipule brinquedos ou mesmo que pareça brincar com objetos não faz dele realmente capaz de brincar. Seus circuitos de ação, nos quais giram, sacodem ou se satisfazem contemplando um mecanismo, são tão vazios de conteúdos imaginativo quannto de variações.

Tudo o que a fantasia tem de surpreendente, inventiva, seu caráter de viagem, de teatro de improviso, está ausente nesses rituais autistas. A confirmação de um circuito de satisfação, através do gesto repetitivo, e o fechamento para qualquer novidade de constitua uma interrogação à qual não saberia como responder são o objetivo de sua preferência.

A fantasia vai na direção contrária disso por seu caráter de viagem sem bússola, de contrabandista de enigmas que nos interrogam.

Trecho do livro: A Psicanalise dna Terra do Nunca. Ensaios sobre a fantasia (Diana e Mariio Corso) p. 257.